Movimentos dos 12 - Renovo ou Heresia?

Movimentos dos 12 - Renovo ou Heresia?

No dia 11 de dezembro de 2011, às 14h (horário de Brasília) debatemos sobre a polêmica questão dos "Movimentos dos 12" serem um renovo espiritual ou uma heresia. Com 8 participantes ativos e outros simpatizantes levantamos várias posições a respeito da Modelo dos 12 (M12), do Governo dos (G12), e do Método ou Visão Celular dos 12, além da orientação bíblica quanto ao assunto.

 

Neste debate contamos com a participação de um jovem adepto da Visão Celular do M12, e uma jovem pela qual passou pela transição do Governo dos 12 em sua antiga denominação. Para debatermos sobre tal assunto foi necessário antes expormos os fatos pelos quais originaram estes movimentos, para assim contestarmos ou até mesmo aprovarmos a veracidade do que é divulgado pelos massificantes opostos a estes movimentos e pelo que é vivido e idealizado pelos seus adeptos.

 

Em Atos 5, vejamos o que diz Gamaliel: “Se esta obra é de homens, se desfará, mas se é de Deus, não podereis desfazê-la, para que não sejais achados lutando contra Deus.” Seguindo este conselho apresentarei os fatos pelos quais nos levou ao questionamento deste debate. Lembrando que é útil analisar os movimentos com todo cuidado e oração, pois é verdade que estes nos têm chamado a atenção pelos seus resultados em números de adeptos.

 

O autointitulado “apóstolo” César Castellanos, diz em seu livro “Sonha e Ganharás o Mundo” que em 1991 recebeu do Espírito Santo, após várias horas de oração, a extraordinária revelação do modelo dos doze.

Mas existe um pequeno problema, esse modelo foi criado em 1930 pela Cristandade católica, existem documentos que comprovam que os Cursilhos (no caso os Encontros) possuem a mesma estrutura da atual igreja celular. Pré-Cursilho, Cursilho, Pós-Cursilho, tudo mesmo, desde a motivação ao quebrantamento e ao choro no Cursilho, a música, a lei do silêncio, os 12, as células, o voto de guardar segredo, tudo existe desde os anos 30. Em 1968 houve um grande congresso latino-americano realizado pela Cristandade e adivinhem aonde? Acertou quem disse Colômbia. Isso mesmo a terra de César Castellanos. O curioso é que em 1973 o Reverendo Anselmo Chaves, escreveu um livro chamado Os Cursilhistas, justamente para combater o Movimento dos Cursilhos da Cristandade. Não tape os olhos ao que está lendo, em 1973 o modelo dos 12 já era uma realidade e combatido pelos cristãos. Não vou entrar em muitos detalhes confiram vocês mesmos nesse artigo que explica passo a passo e apresenta inclusive as páginas originais do livro Os Cursilhistas, escrito em 1973.

Portanto, quem fez a cópia desta "Visão" já existente nos anos 30 e combatida pelos cristãos nos anos 70, o Espírito Santo ou César Castellanos? Realmente não podemos negar que este fato é intrigante. 

 

Do ponto de vista estratégico não vemos maiores dificuldades com o modelo adotado por Castellanos. Percebemos também que a sua visão copiada ou adaptada foi um modelo também utilizado pelo coreano Paul Cho, bastante badalado no Brasil, no início da década de oitenta. A diferença do seu sucesso está na determinação que o moveu e em sua habilidade pessoal para aperfeiçoar o modelo de Cho e implementar o projeto. A história mostra que dificilmente tais experiências de sucesso se reproduzem pelo simples fato de serem copiadas. Também não é novidade a susceptibilidade de líderes eclesiásticos a novos modelos. Os motivos para isso são diversos e, por isso, não podemos enquadrar todos num único padrão e muito menos depreciar suas motivações.

Embora o Movimento Governo dos 12 estivesse por um tempo agitando a fé cristã, a visão que ia mudar o mundo não chama mais tanta a atenção como no início. Várias pessoas agora procuram a sã doutrina e estão sedentos pela Palavra. Também sabemos que várias denominações estão quebrando seus laços com Castellanos que cobra “direitos autorais” pelo uso da marca G12. O problema agora está no também autointitulado “apóstolo” Renê Terra Nova que rompeu com o colombiano por esses motivos, mas criou o M12 no Brasil, que é a mesma coisa que o G12, só que adaptada.
 

Definindo o modelo celular:

 

A visão do modelo dos doze veio depois do modelo de células. O modelo dos doze seria um aperfeiçoamento do modelo celular. Trata-se de "grupos de, no máximo doze pessoas, (que) congregam-se a qualquer hora hábil do dia, para estudar a Palavra de Deus, enquanto a visão é transmitida."


Percebemos que células de doze e células com qualquer número convivem paralelamente como estratégia de crescimento da Missão. Uma confirmação disso, é o caso do Ministério Internacional da Restauração, com sede em Manaus, dirigido pelo Pastor Renê de Araújo Terra Nova que, juntamente com Valnice Milhomens, divide a liderança do movimento no Brasil. Em entrevista à Revista Videira, ele confirma a convivência das células de doze, com células de qualquer número e informa que chegou a ter células de oitenta pessoas.

Para Castellanos, "através do trabalho celular...todos os membros da congregação adquirem a importância que merecem e recebem a oportunidade de desenvolver seu potencial de liderança." Para ele, "o melhor método para que uma igreja cresça é através das células ou reuniões nos lares." Diz ainda: ”as células não são um programa da Igreja , são o programa da igreja" E conclui: "...a colheita só poderá ser alcançada por aquelas igrejas que tenham entrado na visão celular. Não há alternativa: a igreja celular é a igreja do século XXI."

 

Tendo visto consequências da deturpação da visão celular no modelo dos 12. Quero deixar claro que acredito que esta visão tem abençoado muitas pessoas, mas existem casos e casos de denominações feridas, pessoas prejudicadas em sua caminhada cristã por causa da Visão. Achamos até que a Visão propícia, facilita esta deturpação, pois, altera as relações entre cristãos. Expõe as pessoas e, principalmente, o coração delas (Jeremias 17:9 – “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?”). Portanto, tudo é possível, tanto a deturpação como o pleno desenvolvimento, se bem que tenho visto mais o primeiro caso. Lembrando que não há nada de errado em dividir a comunidade cristã em células. O que nos preocupam são essas aberrações teológicas desenvolvidas por tais movimentos.

Fazer discípulos requer primeiramente discípulos que sejam modelo. Em segundo lugar requer tempo, dedicação, oração, sofrimento, dores de parto e novamente tempo. Não há fórmula que elimine isto. Os evangélicos estão sempre atrás disso por isso na maioria das vezes tendem a abraçar doutrinas ou argumentos heréticos em prol do crescimento da membresia.

 

Precisamos ser como os cristãos de Beréia:

Que nós cristãos possamos ser coerentes e analisar os fatos e não sair digerindo todo tipo de alimento para não corrermos o risco de termos uma má digestão. Que a regra de fé esteja em Jesus e em seus ensinamentos e que possamos respeitar os limites das escrituras para não sairmos por aí forçando a Bíblia falar coisas que ela não fala. Que Deus nos abençoe e nos proteja dos ventos de doutrinas que surgem a cada dia.

 

“Se alguém ensina alguma doutrina diversa, e não se conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, injúrias, suspeitas maliciosas, disputas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade… Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão.” (1Tm 6:3-11)


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